Relatos sobre graves violações aos direitos humanos marcaram a oficina “Lutas sociais na Palestina ocupada”, realizada na última sexta-feira (30/11) pelas fundações partidárias Perseu Abramo (PT) e Mauricio Grabois (PCdoB),  além do Foro de São Paulo. Essa atividade reuniu Abdallah Aburahne, ativista dos Comitês de Resistência Popular da Palestina; João Felício, secretário de Relações Internacionais da CUT – Central Única dos Trabalhadores; e Jussara Cony, vereadora eleita do PCdoB de Porto Alegre.

A oficina foi realizada no CPRS – Centro do Professorado do Rio Grande do Sul, integrando a agenda de atividades autogestionadas do Fórum Social Mundial Palestina Livre, realizado em Porto Alegre entre os dias 28/11 e 01/12.

João Felício iniciou a atividade ressaltando a histórica relação entre a CUT e as centrais sindicais palestinas. Descreveu, ainda, as dificuldades dos trabalhadores palestinos chegarem aos seus locais de trabalho cotidianamente, devido aos inúmeros “check points” (postos de controle israelenses) espalhoados pelos caminho pelos quais são obrigados a passar a cada dia. Os sindicatos palestinos também não tem muita autonomia de luta, aformou Felício, porque boa parte dos recursos arrecadados entre os seus trabalhadores fica com as centrais israelenses. Para Felício, no entanto, tais condições adversas não devem impedir que os palestinos lutem por melhores condições de trabalho e salário. A solidariedade de movimentos sindicais internacionais deve subsidiar a luta da Palestina, destacou ainda o secretário da CUT.

Jussara Cony, por sua vez, reiterou que a luta dos palestinos contra a ocupação israelense é uma luta de todos os povos. Ela citou ainda depoimentos de mulheres palestinas sobre como a violência da ocupação impede que as pessoas transitem livremente em suas terras. A vereadora do PCdoB destacou também a vitória relativa à elevação da Palestina à condição Estado observador na ONU.

Abdallah Aburahne relatou sua trajetória de ativista dentro da Palestina, iniciada na Intifada de 1987. Envolvido nas lutas dos trabalhadores, ele atualmente auxilia na resistência das vilas contra a ocupação das terras pelos colonos israelenses. Aburahne explicou também que o povo palestino sempre apoiou o processo de paz na região, mas essa ação não contou com o comprometimento similar de Israel.

O ativista descreveu ainda os enormes obstáculos enfrentados diariamente pela população, citando a construção dos muros que cortam suas terras e os postos de controle, onde até mesmo crianças são revistadas. Os ativistas palestinos são presos sem nenhuma acusação, e muitos são mortos por soldados, destacou. E deu como exemplo a situação de um companheiro seu preso mais de 6 vezes nos últimos meses, sem acusação alguma, apenas por ser ativista.

Abdallah Aburahne descreveu ainda o trabalho de base nos comitês de resistência que atuam, principalmente, em duas frentes: auxílio direto aos agricultores com fornecimento de mudas e insumos; e ações judiciais de reintegração de posse das terras ocupadas ilegalmente por israelenses, além de pedidos de libertação dos palestinos presos.

Os comitês também mobilizam os moradores dos povoados para deter a construção de muros e a instalação de colônias por parte de Israel, com a construção de barreiras. Nessas manifestações, afirmou Aburahne, a repressão israelense se mostra extremamente violenta: os soldados atiram contra os palestinos e os que ficam feridos não podem ser socorridos pelos demais, sendo deixados agonizantes até a morte. Ele disse que perdeu vários amigos e familiares dessa forma, e ele mesmo chegou a ser atropelado por um colono israelense durante uma mobilização desse tipo, escapando vivo por pouco.

O ativista palestino encerrou sua fala reafirmando a importância da solidariedade internacional, principalmente do Brasil, à luta pela autodeterminação da Palestina. Essas mobilizações de fora, segundo ele, dão muita força aos comitês palestinos para continuarem na construção de uma identidade e na luta pelos seus direitos.

 

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