Como em toda a vida, morreu produzindo argumentos para os que querem e lutam por um país mais justo socialmente e voltado para os interesses de seus filhos.”
Por Ricardo Kauffman

O jornalismo brasileiro perdeu, nesta sexta-feira, dia 21 de julho de 2000, um dos seus mais aguerridos soldados. Aloysio Biondi faleceu nesta manhã, de ataque cardíaco. Seu corpo está sendo velado no Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo.

Aos 64 anos, deixa três filhos, dezenas de admiradores e um legado de 44 anos de produção jornalística independente. Durante toda sua vida profissional, combateu sempre pela precisão da informação e contra todo tipo de deformação das notícias, sobretudo econômicas.

Secretário de redação da Folha de São Paulo – onde ingressou na profissão, em 1957 – e Gazeta Mercantil, diretor editorial do grupo DCI/Shopping News, diretor de redação do Jornal do Commercio (RJ), pioneiro na edição de notícias sobre o mercado de capitais na revista Veja, editor da revista Fator (sua preferida), vencedor de dois prêmios Esso, entre outras passagens e feitos, Biondi publicou em maio de 1999 o livro O Brasil Privatizado, que alcançou a marca de 140 mil exemplares vendidos.

No momento, produzia a continuação de outra obra, que centraria fogo nas distorções e prejuízos ao país causados pelo modelo de privatização do atual governo federal, adotada na área pretrolífera, e na entrega do controle de instituições financeiras a corporações internacionais.

Os jornais Diário Popular e Correio Brasiliense, as revistas Caros Amigos, Bundas e Educação, e o site My Web eram alguns dos veículos que atualmente publicavam textos de sua autoria.

Ao ser internado na madrugada da última quarta-feira, Biondi, se preocupava com cinco linhas que faltavam em um artigo para Bundas, no qual trabalhava, quando passou mal. Como em toda a vida, morreu produzindo argumentos para os que querem e lutam por um país mais justo socialmente e voltado para os interesses de seus filhos.

O jornalismo do Brasil perde um dos seus mais dignos representantes. A nós, seus filhos e seguidores, cabe evocar a lembrança de sua garra diante do futuro de nossas carreiras profissionais e de nossas vidas.

* Ricardo Kauffman, jornalista.
Publicado no Mural Extra do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo em 21/07/2000

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