Divisão sexual dos trabalhos remunerado e doméstico e tempo livre

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Cerca de metade das mulheres (52%) está na População Economicamente Ativa (PEA), contra quatro em cada cinco homens (79%). Uma em cada quatro declara-se dona-de-casa (25%).

Entre as que estavam fora da PEA mas já tinham feito trabalho remunerado (24% das mulheres, excluídas as aposentadas), as razões para terem parado de trabalhar concentram-se nos papéis tradicionais de gênero, como ter e cuidar de filhos (30%), dar conta do trabalho doméstico (16%) ou por terem casado (12%). Uma em cada três (35%) diz ter parado por razões do mercado (demissão, falta de oportunidade, salário insuficiente etc.).

Entre as que estavam na PEA em agosto de 2010, apenas uma em cada três (36%) exerciam atividade remunerada no mercado formal, situação em que estavam mais da metade dos homens (56%).

Embora majoritária, permaneceu estável entre 2001 e 2010 a preferência de pouco mais da metade das mulheres por “ter uma profissão, trabalhar fora de casa e dedicar-se menos às atividades com a casa e a família” (56% hoje, 55% antes), em vez de dedicar-se mais a estas, “deixando a profissão e o trabalho fora de casa em segundo lugar” (37% hoje, 38% antes).

Como em 2001, cerca de uma em cada cinco mulheres (19% hoje, 18% antes) declarou-se a principal responsável “pelo sustento da casa e da família”. Somadas a outras mulheres indicadas (sobretudo as mães), quase um terço dos domicílios (30% hoje, 29% antes) tem uma mulher como principal provedora. Na maioria dos casos, indicaram como tal algum homem (64% hoje, 66% antes), sobretudo o próprio cônjuge (47% e 48%).

Em resposta múltipla sobre quem chefia a família, duas em cada cinco mulheres (39%, antes uma em cada três, 35%) indicaram alguma mulher do domicílio; 62% (co)indicaram algum homem (antes 66%), principalmente o cônjuge (46% hoje, 49% antes).

Incluídas as 5% que moram sozinhas (antes 3%), mais da metade indica alguma mulher no domicílio como “principal responsável pela administração da renda familiar” (57%, antes 49%), sobretudo elas próprias (hoje 36%, antes 31%), superando os homens (hoje 42%, antes 50%), com destaque para os próprios cônjuges (31% hoje, antes 37%).

A despeito desses avanços, a responsabilidade “pela orientação e/ou execução dos afazeres domésticos” continua fortemente concentrada nas mulheres (hoje 91%, antes 93%), sobretudo nas próprias entrevistadas (69% hoje, 72% antes).

A jornada semanal média de trabalho doméstico das brasileiras é de 29 horas e 21 minutos, somando-se o tempo dedicado a “serviços de limpeza, cozinhar, lavar e passar roupa” (17h44’), cuidado com crianças (10h) e com pessoas idosas ou doentes (1h37’), contra 8 horas e 46 minutos declarados pelos homens (ou 6h15’, segundo o relato das mulheres) – ou seja, de três a quatro vezes menor que a das mulheres.

Práticas à parte, em tese, a maioria de ambos os sexos concorda que:

  • “homens e mulheres deveriam dividir por igual o trabalho doméstico” – opinião de 84% dos homens e 93% das mulheres hoje (antes 87%);
  •  “quando têm filhos pequenos, é melhor que o homem trabalhe fora e a mulher fique em casa” – 79% e 75% (85%), respectivamente;
  • “a mulher é quem deve decidir sobre o trabalho doméstico, não importa quem faça” – 64% e 67% (71%);
  • “é principalmente o homem quem deve sustentar a família” – 62% e 51% (65%);
  •  “o cuidado com doentes e idosos na casa deve ser da mulher” – concordam 42% dos homens e 43% das mulheres hoje (antes 54%), discordam 44% e 47% (antes 42%), respectivamente;
  • “os homens, mesmo que queiram, não sabem fazer o trabalho de casa” – concordam 49% dos homens e 45% das mulheres hoje (antes 55%), discordam 41% e 47% (antes 39%), respectivamente.

Consideram-se totalmente satisfeitas “com a maneira como passam seu tempo livre” 57% das mulheres hoje (o mesmo que em 2001, 55%), contra 63% dos homens.

Com taxas mais próximas às dos homens, consideram-se totalmente satisfeitas “com sua capacidade de tomar decisões” 67% das mulheres hoje (antes 59%), contra 74% dos homens; e “com sua família” 79% das mulheres hoje (antes 70%), contra 83% dos homens.

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